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3 jun 2025 - Brasil - Mundo
Junho: Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ é tempo de visibilidade, resistência e cuidado com a saúde mental — Foto: Divulgação 254v39
Reconhecer, acolher e respeitar identidades diversas é também um compromisso com a saúde emocional e os direitos humanos. Em junho, quando se celebra o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, é essencial olhar para além das bandeiras coloridas e refletir sobre os impactos emocionais da discriminação, da invisibilidade e da rejeição ainda vivenciadas por muitas pessoas da comunidade.
Para os psicólogos da Casulu, espaço de saúde mental com foco em escuta empática e humanizada, o orgulho vai muito além da celebração: ele é uma ferramenta de resistência. “A realidade é composta por diversidade. O acolhimento do diferente é vital para a manutenção da paz. Reconhecer e afirmar publicamente a identidade LGBTQIAPN+ é um direito humano”, afirma o psicólogo Daniel Rolim, ao destacar a importância da visibilidade como ação política e emocional.
Desde a infância, pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam os efeitos da discriminação. A invisibilidade, a rejeição familiar e a violência simbólica ou física impactam profundamente a saúde mental. “Esses traumas podem gerar sentimentos de desvalia, vergonha e hostilidade, podendo levar até ao suicídio”, alerta Daniel.
A psicóloga Luciana Medonça explica que, pela Terapia do Esquema, a rejeição precoce pode ativar padrões emocionais negativos — como exclusão social, abandono ou vergonha — que influenciam a forma como a pessoa se vê no mundo. “Quando a família, que deveria ser um espaço seguro, se torna fonte de rejeição, a autoestima é severamente afetada. Isso compromete vínculos afetivos na vida adulta e aumenta os riscos de depressão, ansiedade e isolamento”, afirma.
Por isso, o o à terapia afirmativa é um o essencial para a reconstrução da saúde emocional. Segundo o psicólogo Anderson Klisnmann, essa abordagem oferece um ambiente seguro e validado, permitindo que a pessoa desenvolva relações mais saudáveis, reconstrua narrativas de dor e encontre acolhimento em processos de transição ou enfrentamento da LGBTQIAPN+fobia.
Mesmo com avanços, ainda há muito a ser feito. “O poder público tenta garantir direitos, mas esbarra em tradições e moralismos que deslegitimam a existência LGBTQIAPN+”, observa Daniel. A psicologia, por sua vez, tem papel fundamental fora dos consultórios. Como destaca o psicólogo Rogério Franco, “a atuação ética da psicologia deve contribuir com a erradicação de toda forma de preconceito, seja nas escolas, no esporte, no meio jurídico ou social, desmistificando padrões e legitimando cada forma de existir”.
Representatividade também importa. Quando uma pessoa LGBTQIAPN+ se vê refletida em espaços públicos e na mídia de forma digna, respeitosa e real, isso contribui diretamente para o seu bem-estar. Mas, como ressalta Daniel, “é preciso haver responsabilidade nessa representação, para não descredibilizar a luta”.
Para quem ainda tem medo de buscar ajuda por experiências negativas com profissionais preconceituosos, Daniel deixa um recado claro: “Não desistam. Nem todos os psicólogos são iguais”.
Por fim, o psicólogo Rogério Franco relembra que o orgulho é também um grito por dignidade: “Por trás das cores vibrantes, há histórias de dor, superação e coragem. O Mês do Orgulho é um convite à escuta ativa e à empatia. Não estamos falando de modismos, mas de vidas que merecem existir com dignidade todos os dias do ano”.
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